Hoje o meu maior medo tornou-se realidade. Cheguei a casa sem ti. Não estavas em casa. Ia fazer o jantar, trazia as compras, mas tu não estás em casa. Entrei na garagem de lágrimas nos olhos preparava-me para subir para uma casa vazia sem estares ao meu lado. Sem sentir os teus passos, sem sentir o teu cheiro ou ouvir a tua voz. Chegava a casa. Não estás comigo e não vais estar. Daqui a pouco vou-me deitar e não vais estar cá. Não vou sentir os teus braços e o teu calor. Se tivesse acontecido o pior seriam assim os meus serões, seria assim a minha vida. Cheia de vazios, de ausências. A rua avó está calada como sempre, o teu pai dorme no sofá. Eu estou só com as minhas palavras. Com as minhas lágrimas e suspiros. Não posso confessar o quanto me dói este momento e para onde voam os meus medos. Não devo proferir em voz alta como poderia ser real este pesadelo que hoje apenas vislumbro. Fez-me voltar no tempo. Para uma altura em que a realidade de hoje poderia ser outra. Que podia ser o dia de hoje todos os dias, sempre. Um metaverso qualquer. Conhecemos muitos pais que vivem sempre este pesadelo. Que voltam todos os dias para uma casa vazia. Sem cheiros, sem brinquedos, sem risos e sem calor. Que afortunada sou! Que afortunada por o dia de hoje ser só um dia e não um presente. Que bom que estás a uma mensagem de distância. Que amanhã já dormirás nos meus braços. Que cresces e que vives experiências. Que sonhas e realizas. Eu vivo hoje com este peso, mas eu não importo.
Sei que não passa de um pesadelo que não é real. Sei que estás bem e feliz. Sinto no meu coração que estás bem. Estamos ligadas para sempre, sabes? Forever and forever.
Foste à tua primeira festa de pijama em casa da tua grande amiga L. Estavam os pais, a irmã A, o irmão D. As Marias, a P. O resto das crianças são amigas da A ou da família e não conhecemos tão bem. Estavas muito ansiosa, ao almoço queixas-te-te com dor-de-cabeça e tudo! Querias muito um dormiloco. Achavas que era o mais fixe da dormida fora, mas desta vez não alinhámos. Era caro. Não fazia sentido fazer uma compra para uma vez. Também te temos de ensinar coisas de economia e gastos supérfluos. Faz parte… já tens 9 anos. É importante começar a perceber a diferença entre “querer” e “precisar”. Não gostas que te digam não, mas já vais compreendendo… estás a tornar-te em alguém muito especial. Vais ter uma inteligência emocional grande, tenho a certeza. Estás a ler o 8.º livro da Maria Lua “A Festa de Pijama” é esta coincidência deixa-te maravilhada e entusiasmada. Tens estado muito contente com a perspectiva deste “sleep over”. Espero que te estejas a divertir e que não fiques desiludida com a noite nem ninguém. Nenhuma mãe ou pai quer ver a sua cria desiludida, claro!
Sinto-me com assim. Cheia de medos e de fantasmas, mas há no ar uma esperança. Posso não dormir porque me fazes falta. Posso não dormir à espera de me ligares para me dizeres que precisas de mim. Posso não dormir para não sonhar, para não ter pesadelos. Posso não dormir mas não faz mal. O que importa és tu.
Acabas de me enviar uma foto. Estás deitada. Só se vê um olhinho. Ainda estás muito acordada. Amo-te muito. Mas vou ser corajosa. Tu podes ser tão corajosa quanto tu quiseres!
Mesmo com medo e um nó na garganta eu amo-te muito. E amar também é deixar ir. E eu deixei. Mesmo a doer muito. Amo-te muito minha Pimentinha forever and forever infinitos!