quinta-feira, 26 de março de 2015

Nem Tudo São Rosas

Nem tudo são rosas no admirável mundo da Pimentinha sabendo que dele fazem parte o papá e eu.
Hoje tens 3 semanas mais 4 dias e agora já custa um bocadinho menos, mas dói cada vez que te ouvimos chorar. Agora já custa um bocadinho menos porque sabemos que quando choras como se não houvesse amanhã, normalmente tens fome. MUITA FOME! E, como tal, reivindicas, em plenos pulmões, o que é teu por direito: leitinho. E não páras enquanto eu não te dou de mamar.
Mas nem sempre aquele choro que ouvimos é de fome. E nós não sabemos o que é. E não sabemos o que fazer para te consolar. Acho que nem tu sabes. Penso que tu achas que tens fome e choras como se tivesses fome, mas é outra coisa qualquer. E dói não saber o que fazer para te consolar.
Já estive 1h e 30 minutos a dar-te de mamar. Cada vez que te fazia soltar a maminha choravas. Não era fome.
Comecei aos poucos a perceber que parecias indisposta. Deitavas leitinho fora muitas vezes e um dia destes vomitaste mesmo (pela 2ª vez). Púnhamos-te na posição de franguinho assado e continuavas a chorar. Fome não podia ser (tinhas mamado há pouquinho). Seria calor, frio, a fralda suja? Também. 
Comprámos fraldas mais baratas e ficaste com o rabinho assado. Agora apressamos a tirar-te a fraldinha suja. Melhorou um pouquinho. Já não gritas tanto. 
Às vezes acho que tens calor. Puxo as mantas para trás. Às vezes ficas mais calma, outras vezes não.
Às vezes acho que tens sono e por isso ficas rabugenta e choras muito. Choras como se tivesses fome. Quando choras assim não há nada que te console e tenho que te dar maminha. Falta-te aquele aconchego para dormires descansada...
E quando te pomos a arrotar? Também choras. Não gostas daquela posição. Não gostas de ir dormir sem a sensação de barriga cheia, não gostas que interrompa a mamada para arrotar, não gostas de estar tão direita... Não gostas e pronto! 
Durante a noite tens dormido sonos grandes (que bom!), mas antes disso tem sido muito complicado. Mudamos a fralda e choras, mamas e choras, arrotas e choras, mamas, tiro-te da mama e choras, mudamos a fralda e choras, mamas e arrotas e choras e mamas outra vez. Finalmente adormeces. Estás cansada e eu também. Ficamos muito aflitos nestas alturas. Afinal o que se passa? Temos medo que comas demasiado. Temos medo que tenhas fome. Neste processo passaram-se mais de 2h30m e já passámos por muitas sensações. Satisfação, sono, preocupação, agitação, desespero, conformação, calma, satisfação, sono e fatiga. São momentos difíceis, mas o que importa realmente é que fiques bem e acho que ficas. Estou a pensar que guardas reservas para a noite. Talvez seja isso, meu amor. Ontem foi assim, hoje não sei.
Depois de duas semanas em casa o papá teve de ir trabalhar e custou muito. O papá estava triste e eu também. Eu quis ir passear. Com ele, contigo. Quis ir passear para arejar, para aproveitar o sol, para passarmos uma nova experiência em família antes de nós termos de separar do papá por algumas horas por dia. O papá estava demasiado triste e apreensivo. Não queria separar-se nem um milímetro de ti, quanto mais colocar-te no banco de trás do carro. Eu fiquei muito triste, desapontada e chateada. Precisava de ir apanhar ar e sol (o sol dá-nos muitas coisas boas, inclusive alegria), afinal o cocktail de hormonas ainda inunda(va) o meu corpo... Estava principalmente triste por ele. Afinal tinhas-te tornado o centro do nosso mundo (ou melhor, o nosso mundo inteiro) e agora ele ia ter de desviar a sua atenção para o mundo do trabalho.
As rosas têm espinhos, mas os espinhos protegem as rosas dos predadores, das pestes e de seres com más intenções. Nem tudo são rosas, mas cada espinho, cada complicação fazem parte deste mundo, deste caminho que estamos a adorar conhecer e percorrer.
Amo-te, minha Pimentinha!

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