sábado, 21 de março de 2015

The days of our lifes

Deves estar a perguntar-te "mas o que andou o meu papá a fazer durante estes dias?" ou "porque não escreve ele?" A resposta é simples, estive a amar-te, cuidar-te, mimar-te, admirar-te, beijar-te, abraçar-te, aquecer-te, adormecer-te. E como não tenho o dom da escrita da mamã, tal como não tenho a capacidade de fazer mil e uma coisas em simultâneo como ela, tive de deixar passar estes dias alucinantes (alucinantes, mas no bom sentido) para arranjar tempo e inspiração. Vou passar então a apresentar um resumo de alguns dias que passaram.

DIA 28 FEVEREIRO (o teu dia de nascimento)
No dia 27 eu e a mamã deitámos-nos convencidos que no dia seguinte acordaríamos às 9:00 da manhã, e que iríamos para o hospital calmamente para induzir o teu nascimento. Mas tu trocaste-nos as voltas, tu é que decidiste quando quiseste nascer! E na madrugada de 28 de Fevereiro, pelas 6:00h da manhã a mamã acorda-me a dizer que não dava para esperar pelas 9:00 da manhã. Estava com contracções de 5 em 5 minutos! Eu estava cheio de sono e sem saber as horas, mas depois desta notícia levantei-me da cama como uma mola! Finalmente chegou o momento pelo qual tanto ansiávamos!
Na nossa garagem, entramos no carro e eu citando uma cena de Ted Mosby da sitcom "How I met your mother", exclamei para a mamã: We're having a baby!!!!
Entrámos no hospital perto das 7:30h e fomos para a sala de dilatação/ sala de parto. Eu e a mamã estávamos ansiosos, felizes mas também calmos, estávamos preparados para este dia, preparados para a longa espera, preparados para te receber. Passada a manhã, e um bom bocado da tarde, a enfermeira informa-nos que a mamã está com a dilatação completa e que estás pronta para nascer! Eis que chega o grande momento! Fui para ao pé da mamã, segurei-lhe na nuca para a ajudar a fazer força. A tua mamã foi uma valente, uma guerreira, manteve sempre a calma, fazendo tudo de acordo com as instruções das enfermeiras. E de repente... Saíste tu! Mal te vi, estavas de costinhas, depois as enfermeiras viraram-te e colocaram-te em cima da barriga da mamã. Não choraste desalmadamente, apenas um pequeno gemidozinho, e deitaste pela boca um bocadinho de líquido proveniente do ambiente de onde estavas. Eu estava maravilhado, imediatamente fiquei com os olhos encharcados, troquei um olhar cúmplice com a mamã, estávamos a rebentar de tanta felicidade! Tinha nascido a nossa menina, a nossa Pimentinha!

DIA 9 DE MARÇO
Fomos ao centro de saúde para te pesarmos e medir-te. A enfermeira pediu-nos para te despir completamente, fralda incluída. Eu e a mamã pensámos logo que tu não irias gostar, és muito sensível ao frio e não gostas de estar sem a tua roupinha quentinha. Pesaram-te. Engordaste 260g após uma semana fora do hospital. Estava tudo OK, o leitinho da mamã está a alimentar-te! Como já era esperado, não estavas nada contente com a experiência, choravas, estavas chateada, e com razão. Eu para tentar aquecer-te o mais rápido possível, já que vestir-te ainda demora o seu tempo, abracei-me a ti, segurei-te contra o meu peito... E eis que... Decidiste dar um "presentinho" ao teu papá! Foi camisa,casaco, calças, botas, chão... É assim... Quem te chateia, leva troco! É para aprenderem!

DIA 16 DE MARÇO
Já passaram os 10 dias úteis a que tinha direito para me ausentar no trabalho... Como é possível ter passado tão rápido? O tempo contigo parece sempre pouco, apetece-me estar sempre contigo e com a mamã. Nestes dias começámos a conhecermo-nos mutuamente, eu e a mamã tentamos continuamente perceber o que gostas, o que não gostas, os teus horários de sono, a tua alimentação, a tua higiene, a tua roupa, as fraldas, o que queres dizer com cada tipo de choro. Parece que mudámos um chip nas nossas cabeças, toda a nossa rotina, os nossos hábitos, mudaram naturalmente. Eu, por exemplo, sempre tive grande dificuldade em acordar ao meio da noite seja para o que for. Agora basta ouvir o teu choro e acordo desperto num ápice, pronto para te acalmar e ajudar no que for necessário. 
Ao longo deste tempo tivemos várias visitas, de família, amigos, todos ficam encantados como nós com a tua doçura, a tua beleza, a tua serenidade. Não me canso de olhar para os teus olhos doces, de ouvir os teus gemidos fofinhos, de te ver, sentir, cheirar, acariciar, beijar, amar. És tão fofinha que costumo dizer que rebentas com a escala de fofice!

Não me apetece nada ir trabalhar hoje, estou com o coração apertado, quero estar junto do meu anjinho que és tu. Depois penso naqueles que foram forçados a emigrar e a estar longe dos seus filhotes... Nem consigo imaginar, deve ser uma dor tremenda. Ainda assim eu trabalho a 10 minutos de casa, ao almoço vou voltar a ver-te. Vendo por esta perspectiva, posso dizer que são poucos os que podem fazer isto, e eu posso! Volto a esboçar um sorriso, concluo que afinal não me posso queixar, separo-me de ti, mas a distância é curta, e por pouco tempo. :)

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